Recolha com cuidado as peças indispensáveis ao novo dia.
Sente-se, concentre-se e reflita, e então refaça do
início todo o trajeto.
Pra dias de luzes, faça de vidro as telhas do teto.
Vem de graça render graças o leve colibri.
Corre a criança por entre as tramas e tranças que deram
forma ao jardim.
Estende-se a terra, vasta, e ao longe deserta, na busca
pelo fim da guerra.
Voa depressa fachos dourados, pra clarear caminhos, pra acender
as frestas...
Era uma menina que em sua pureza viveu pra contar.
Sentada em uma mesa, na idade de sua fraqueza, me levou
pelo olhar.
Aquela senhora, dos pés de amora, café, trouxe pro
instante um passado marcante,
E a vida... Ah, a vida! Rendeu-se em silêncio e se curvou
para a reverenciar.
É cantoria de roda sim sinhô, sinhá!
É batuque e vozes cantadas, sabiá!
É tarde fria, terra vermelha e pé no chão.
É o canto, o vilão, são as estrofes da canção.
Sente aí garoto...vou lhe contar uma história.
E não é mesmo que o garoto se sentou?!
Com um shortinho surrado, uma camisetinha encardida de
brincadeira...
Um olhar de quem ainda muito tinha pra descobrir...
No caminho de volta ao ninho encontrei o que caiu da
bagagem.
Recolhi com cuidado as peças indispensáveis ao novo dia.
Sentei-me, concentrei-me e refleti, então refiz do início
todo o trajeto.
Para os dias de luzes, fiz de vidro as telhas do teto!
Lucas Nunes