Teus caminhos te buscam ao nascer do sol esperado
Mas teus olhos se fecham ao clarear dos cristais de orvalho
E em teu abrigo se recolhe... Olhem!São os campos de trigo...
Há uma canção no ar e um doce exalar de existência
Por isso seguem os pássaros sob o céu de aurora
Deitam os maleáveis ao sopro de um vento que sustenta as asas dos que voam
E a vida segue tão pura e boa, que dançam os campos de trigo...
Tuas mãos não sovam massa, óh dama de pura graça
Mas teus pés caminham por caminhos que eles mesmos criam
Fazem ouvir o som de palha seca, arrastada pelos teus vestidos
Quando tocam o mundo pelos campos de trigo...
Uma árvore sem certidão de nascimento, já cansada pelo tempo
Tem em suas lembranças a criança que a plantou, ainda quando semente
Que já esteve em seus galhos em descanso e amizade, e que se entendiam
Mas suas raízes encontraram uma vida mais longa, e só, vigia, os campos de trigo...
Por todas as estações, em chuvas, temporais que parecem o fim de tudo
Sempre volta o dourado quando o sol toca aquelas palhas...
E lá volta a dama com o seu gingado e seus passos leves
Passeando e se recolhendo... nos campos de trigo!
Foi a semente, a criança, e por esperança a árvore formada
São os pássaros, o vento, o ninho que espera e a aurora
É o vestido, os pés, a dama e o mundo, e no mais, tudo...
São as histórias, é o sol, o dourado e o abrigo dos que se recolhem... Pelos campos de trigo!
Lucas Nunes