Migalhas de acontecimentos em resumo de tão longo e pouco tempo
No intervalo de vários ventos que correm por sobre as águas
E antes mesmo que as ondas venham, e apaguem esta carta na areia...
Apenas o leve toque gera impressões e marca a face do solo molhado
Marcas que a água não apaga, o tempo não esquece, a vida não envelhece...
Sem tinta, sem pincel, a história nasce da ponta do dedo
E em baixo relevo, revela pensamentos sem poeira...
À beira, se espera notícias ocultas em garrafas postas ao mar...
Ao longe, surgem olhares à procura de quem possa escrever
Bem perto, ao certo, a incerteza de quem não pode entender
Que o agora é hora escrita antes mesmo do sol se esconder...
Na visão profunda de quem ousou buscar, surgiram novas cartas
Todas elas desenroladas em pergaminhos de areia
Que formavam uma praia toda em letras
Desenhadas pelo autor que resolveu não assinar...
A maré que sobe vem e troca a folha
Renova e traz de volta uma nova escolha
Lava a ponta do dedo que volta a escrever
E que à mesma maneira faz nascer novas cartas de areia...
Vai saber se olhar bem no rosto do alvo invisível
Se escutares o som que vem de algum canto de mar ainda não explorado
Ou talvez da garrafa lançada ao mar
Que leva consigo o pensamento que não puderam ler...
Sem espaços e sem parágrafos surgiram as grafias
Todas elas, migalhas que resumiam acontecimentos de tão longo e pouco tempo
Em um intervalo de vários ventos que corriam por sobre as águas
Antes mesmo que as ondas pudessem vir e apagar o que escrito foi na carta de areia...
Lucas Nunes