Companhia de sua própria vida

Quando há em teus olhos a vida de um sorriso, não corro perigo
Sento-me em terra e folhas quando as escolhas surgem em devaneios
Esqueço que... me aqueço no berço onde vivi
E só pra rir, feliz, a vida também se senta ali...

O mundo já não é mais igual ao de meus avós
A comida é enlatada, e quase tudo já existe "em pó"
Embora tudo corra mais que depressa, ainda me lembro, antes que me esqueça
Existe uma casa cabaninha, de galhos de amoreira no quintal de uma infância protegida

Quando desejamos outra vez os pés descalços, a vida adulta bate à porta
Me faz lembrar que os dias são de idas e não de voltas
E que a hora certa vem alguns minutos depois que o relógio desperta
E então nos damos conta que já estamos de pé...

Vida... como és admirável, menina atrevida
Ainda insisto em te defender, e por não te conhecer acabado vivendo-te...
E lembrar que tudo começou em quintal com porcos, galinhas, pés de café...
E hoje te vejo assim, com essência adulta, de quem sonha porque quer, sem saber exatamente o quê...

Subo em teus muros e enxergo o rumo de suas estradas do lado de lá
Os campos são tão vastos que os espaços não são medidos à vista
E ao lado há guaritas, sentinelas que não permitem que desistas
Por teu surgimento, eu te sustento, então insista...

E então verás que não há mistérios para o que é tão simples, mas precioso e delicado
Se sujeitará aos riscos, na verdade imprevistos páreos à quem não seguir desarmado
E quando decidires caminhar, verás que ela já não mais ficou ali, sentada...
Ao teu lado, a vida seguirá na mesma passada...

Lucas Nunes