A voz que voa além do vento na busca por um olhar
A alma que se embrulha e se protege do mundo mau
A vida que ainda luta e acredita que o impossível pode ser real
Feche os olhos por um segundo e viva o mundo
Existem sons que ainda não podemos ouvir
Abrigos que nunca foram habitados
E uma coragem a ser entregue aos heróis postos de lado...
Se ergue a bailarina e esbanja sua majestade sobre os pés em dor
Esconde em suas sapatilhas, o sangue, os calos...
Mas se entrega ao som de sua dança e salta como o perfume de uma nova flor
E acredita que por traz do espelho de uma vida, o impossível mostra sua face de amor...
Não se calará a voz que espera a resposta
Não voltará o barco e seus tripulantes sem os peixes para a terra à vista
Não descansará o sol seu posto antes que a noite insista
Mas chegará a luz da esperança quando houver uma porta aberta por quem acredita
Quem me diz dos tempos de flores e frutos?
De terras vastas, dos campos e seus arbustos?
Quem me mostra a vida simples no mundo do nada em tudo?
Os que se foram levaram tudo e os que chegam não se dão conta que será extinto este primeiro mundo
As ferramentas e objetos de meu avô...
Os panos em costura e as louças de minha avó...
As rugas que serão desfeitas em pó...
Lembranças cravadas em memórias nestes que não poderão contar...
Qual a pergunta que será feita para as fotografias?
Contarão os que puderem sobre uma alegria
De uma terra que tinha hora para a noite e para o dia
Que resistiu em acreditar que duraria por toda uma vida
Vai saber o que virá pelo futuro
Nas histórias eu me asseguro, e reconstruo os muros...
Fecharei meus olhos e só voltarei a abrir quando me der conta que...
Ainda ando por aqui...
Na tela de uma parede, a pintura
Alguns objetos antigos, louças e costuras
Ao fundo as cores que realçam a obra pura e prima...
As velhas sapatilhas de uma certa bailarina...
Ainda caminha o pé inocente, por si só e que um dia tocou o chão
Traz o vento a resposta à voz que um dia ousou chamar
Se acalma a alma que se protegia dos dias maus
E segue a vida lutando por acreditar que o rosto do impossível, possível, se tornará real...
Lucas Nunes