
Tão pouco quantos foram os que nuvens fizeram chover
Águas que escorrem do alto brindam o renovo da terra
Para que então nasça outro dia de sol
Ei tu, que anda sobre pés descalços sobre folhas secas
Lá fora tem tempo em água de chuva em dia raiado
Tem lama formada às roupas claras fora do varal
Tem tu, conjugada em verbo atemporal...
Ei tu, que vigia o trem de chegada na estação da vida
Teu desembarque traz passos dançantes
Pro tempo parar e dançar em horas elegantes
Do lado de cá pro lado de lá, em sol, dó, ré, mi e fá...
Ei tu, que leva e espera a parte que lhe cabe repartida
Levante-se e vá ver que tem milagre fora dos trilhos
Desenho de teu sorriso com raios de sol
Das folhas pintadas, dos sonhos lembrados...
Ei tu, vá depressa na sorte de quem foi por aí
Verás na estrada marcas de quem à frente está
Ouvirás os passos de quem logo atrás vem
Não percas o trem, milagres o tornam ao trilho
Não contes os dias em anos dos anos que tem
Tão pouco quantos foram os que nuvens fizeram chover
Águas que escorrem do alto brindam o renovo da terra
Para que então outros dias de sol possam nascer
Lucas Nunes